Em zonas estratégicas
a Norte e a Sul

EUA querem instalar<br>bases na Argentina

Os Es­tados Unidos pre­tendem abrir duas bases mi­li­tares na Ar­gen­tina e o pro­jecto avança. Os pre­textos são o com­bate ao nar­co­trá­fico e ao ter­ro­rismo e a cri­ação de um pólo ci­en­tí­fico.

Vi­sita de Obama ace­lerou pro­jecto de duas bases mi­li­tares

Mi­si­ones e Ti­erra del Fuego, pro­vín­cias nos ex­tremos Norte e Sul da Ar­gen­tina, são os lo­cais eleitos para a ins­ta­lação de bases mi­li­tares norte-ame­ri­canas, cujo pro­jecto está a avançar, alertou o de­pu­tado Da­niel Di Sté­fano. O pre­texto, num caso, é o com­bate ao nar­co­trá­fico e ao ter­ro­rismo e, no outro, a cri­ação de um pólo ci­en­tí­fico. Os lu­gares es­co­lhidos são im­por­tantes para o acesso a re­cursos na­tu­rais do país e si­tuam-se em zonas ge­o­grá­ficas es­tra­té­gicas.

O par­la­mentar ar­gen­tino, eleito pela Frente para a Vi­tória (FpV), afirmou à Prensa La­tina que há anos se fala na ins­ta­lação de uma base em Mi­si­ones. Já em 2013, a pre­si­dente Cris­tina Fer­nández re­jei­tara um pe­dido dos EUA. Mas, este ano, de­pois da vi­sita de Ba­rack Obama à Ar­gen­tina, «houve muitos avanços, muitas reu­niões para a ins­ta­lação das bases mi­li­tares», tendo sido esse um dos temas das con­ver­sa­ções entre o pre­si­dente dos EUA e o pre­si­dente Mau­ricio Macri, de di­reita, eleito em fi­nais de 2015.

É pre­o­cu­pante, para Di Sté­fano, a perda de so­be­rania que a ins­ta­lação das bases sig­ni­fica: «Põe em risco o con­trolo dos re­cursos na­tu­rais. Mi­si­ones está lo­ca­li­zada sobre o aquí­fero Gua­rani, que é a quarta maior re­serva de água po­tável do mundo, e 80 por centro do ter­ri­tório da pro­víncia é li­mí­trofe com o Pa­ra­guai e o Brasil.» Além disso, «as pes­soas que cir­culam nas bases mi­li­tares gozam de imu­ni­dade di­plo­má­tica e por isso não podem ser in­ves­ti­gadas nem de­tidas por ne­nhuma força pro­vin­cial ou fe­deral», ha­vendo de­nún­cias de vá­rios or­ga­nismos que apontam que «estes ma­rines têm vi­o­lado di­reitos hu­manos em di­fe­rentes lu­gares, por exemplo, no Pa­ra­guai».

O de­pu­tado de­nuncia o si­lêncio do go­verno de Bu­enos Aires sobre o as­sunto e de­fende um pro­fundo de­bate pú­blico sobre as bases mi­li­tares es­tado-uni­denses. Conta que as ne­go­ci­a­ções para ins­talar a base «ci­en­tí­fica» em Ushuaia estão muito avan­çadas. Houve reu­niões na Ar­gen­tina e, há um mês e meio, o Mi­nis­tério da De­fesa en­viou uma de­le­gação aos EUA para en­con­tros no Pen­tá­gono.

Con­trolar re­cursos

Fontes do go­verno ar­gen­tino, ci­tadas pela PL, con­firmam que estão avan­çadas as ne­go­ci­a­ções com Washington, mas sus­tentam que o que se pre­tende é com­bater o nar­co­trá­fico e gerar um pólo ci­en­tí­fico que cri­aria «fontes de tra­balho».

Já em Maio, em ar­tigo no diário Con­texto, in­ti­tu­lado «De­sem­bar­caram os ma­rines», Elsa Bruz­zone, do Centro de Mi­li­tares para a De­mo­cracia Ar­gen­tina (Ce­mida), as­se­gu­rava que os EUA «uti­lizam di­versos pre­textos, como a ajuda hu­ma­ni­tária e o apoio face a ca­tás­trofes na­tu­rais, para ins­talar bases mi­li­tares dis­far­çadas de ins­ta­la­ções ci­en­tí­ficas». Estas bases en­co­bertas estão sempre si­tu­adas onde há re­cursos na­tu­rais es­tra­té­gicos – água, terra fértil, mi­ne­rais, hi­dro­car­bo­netos, bi­o­di­ver­si­dade.

Bruz­zone des­taca que os EUA pro­curam «fe­char o cerco sobre todos os re­cursos na­tu­rais que temos na nossa Amé­rica». E por­me­no­riza: «As bases mi­li­tares, co­bertas e en­co­bertas, que têm na Colômbia, Peru, Chile, Pa­ra­guai, junto ao en­clave mi­litar da NATO nas Mal­vinas, mais o des­ta­ca­mento bri­tâ­nico nas Ilhas Geórgia, fe­cham o cerco a todos os nossos re­cursos na­tu­rais e re­a­firmam a sua pre­sença na An­tár­tida», a maior re­serva mun­dial de água doce con­ge­lada.




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